Da Redação, com ACI Digital
Uma menina chamada Alba, da cidade de San Fernando (Cádiz, Espanha), tornou-se o primeiro caso a superar com êxito um câncer de cérebro após ser tratada com células-mãe (estaminais ou células-tronco) do próprio cordão umbilical do paciente, conforme informou esta segunda-feira, 7, a companhia Crio-cord, um dos bancos de conservação de células-mãe autorizados na Espanha.
A menina, que nasceu sã em 2007, recebeu aos dois anos de idade um diagnóstico de meduloblastoma - um câncer de cérebro pouco frequente. Por isso, após a retirada da maior parte do tumor e vários ciclos de quimioterapia, a paciente foi submetida ao transplante de células-tronco do sangue do seu próprio cordão umbilical.
A intervenção, divulgada recentemente, foi desenvolvida em 2009 pelo serviço de Oncohematología do Hospital Universitário Menino Jesus de Madri, dirigido pelo doutor Luis Madero. Alba, atualmente com quatro anos leva uma vida normal.
A medida foi tomada após o tratamento com a quimioterapia, que destruiu não só o tumor maligno mas também o sistema sanguíneo da menina. Desta forma, procedeu-se ao transplante das células tronco do seu cordão umbilical, que previamente haviam sido solicitadas pelo Hospital Menino Jesus de Madri pela Crio-cord, que as trouxe das instalações da Bélgica e Holanda.
Depois do transplante, as células-mãe migraram à medula óssea, onde se multiplicaram e começaram a gerar glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas, iniciando assim a regeneração de seu sistema sanguíneo.
Revisões periódicas
Sessenta dias após o primeiro transplante, foram colocadas novas células-mãe - desta vez provenientes de seu sangue periférico -, para acelerar o implante plaquetário. Após 14 meses do transplante, o sistema sanguíneo de Alba estava completamente reconstruído. Sua saúde é acompanhada em revisões periódicas.
Doutor Madero destacou nesta segunda-feira, 7, que se trata de um caso único na Espanha. "A utilização de células tronco para a regeneração do sistema sanguíneo é um tratamento estendido neste tipo de câncer", explicou. O médico afirmou que o fato torna "único" o caso de Alba "já que pela primeira vez em nosso país as células-mãe provinham do seu próprio cordão umbilical, conservado ao nascer".
"Nos últimos anos, os transplantes de células mãe do sangue do cordão umbilical experimentaram um crescimento muito importante. Concretamente para o caso de irmãos, estas células-mãe são a melhor opção terapêutica que existe", acrescentou.
"Nosso melhor investimento"
Os pais de Alba, Santiago, que é engenheiro informático, e Teresa, professora de Literatura, foram unânimes ao afirmar que a conservação das células-tronco do sangue do cordão umbilical de Alba foi "seu melhor investimento".
"Tudo se originou como resultado de meu interesse pelos programas de divulgação científica, já que tinha visto uma reportagem sobre o tratamento com células-mãe para o Parkinson e meu pai, naquela época, tinha Alzheimer e estava sensibilizado sobre o uso de células mãe para as enfermidades degenerativas", explicou Santiago.
"Conservar o cordão umbilical é uma aposta pelo futuro, um seguro de vida que não se sabe se será necessário em algum momento, mas que pode salvar uma vida", afirmou sua mãe, Teresa Molina, que assegura que viu sua filha nascer duas vezes.
Satisfação na Crio-cord
Por sua parte, o diretor geral da Crio-cord, Guillermo Muñoz, também mostrou sua satisfação pelo êxito do processo. "Na Crio-cord estamos orgulhosos de ter participado do processo de cura de Alba, ademais de que este tipo de notícias confirme que o sangue de cordão umbilical é uma excelente fonte de células mãe, que, ao ser as mais jovens do corpo humano, têm um maior potencial de cura", explicou.
De fato, os últimos estudos "confirmam o incremento exponencial do uso destas células-mãe em todo o mundo, assim como os resultados obtidos com o sangue do cordão umbilical são excelentes em múltiplas enfermidades, como leucemias, linfomas e falhas congênitas da medula óssea".