Uso do cordão umbilical
Médicos e pacientes Pesquisadora destaca que é preciso incentivar a doação de células-tronco do cordão umbilical
FELIPE RODRIGUES
Da Gazeta de Piracicaba
felipe.rodrigues@gazetadepiracicaba.com.br
Conscientização da classe médica. Esse foi o objetivo da vinda a Piracicaba da pesquisadora Lilian Piñero Eça, phd em biologia molecular. Ela deu palestra a profissionais da área referente à doação de sangue do cordão umbilical, rico em células-tronco. Contrária ao uso de células embrionárias (por conta das possibilidades de efeitos colaterais), Lilian é entusiasta dos benefícios que as pesquisas com o material trazem à medicina. “Não há problema ético algum na doação e os médicos não podem desencorajar os papais interessados em fazer o procedimento”, diz.
O Ministério da Saúde lançou no final de setembro de 2004 uma rede pública de bancos de armazenamento de sangue de cordão umbilical e placentário mas, desde então, ainda há bastante resistência à adoção do procedimento, seja por falta de informação ou por interesses existentes no processo. “É triste, como pesquisadora, observar tantas pessoas que não coletam o sangue do cordão umbilical porque não são esclarecidas. Os médicos que porventura não sabem sobre o assunto devem se manter neutros”.
Lilian avalia que é inadmissível que se jogue no lixo material que pode ser tão útil para saúde das pessoas. São cerca de 80 doenças do sangue que podem ser combatidas a partir do sangue coletado nos cordões umbilicais e placentas. “Existem apenas um banco público no país e outros 30 escritórios privados. Sou a favor da existência dos dois tipos de bancos. Mas é preciso que se unam forças para evitar que essas doenças continuem a fazer vítimas”, diz.
Entre as enfermidades que podem ser combatidas está a leucemia. Devido às dificuldades de se encontrar doadores de medula óssea, busca-se fontes alternativas de células progenitoras. Pesquisas demonstram que o sangue de cordão umbilical é uma fonte rica nessas células progenitoras. A partir dessa descoberta, as células progenitoras obtidas do sangue de cordão umbilical vêm sendo utilizadas em modelos terapêuticos desse tipo de doença.
COMO É. Todo o procedimento é seguro. As mães dispostas a doar passam por uma triagem desde o pré-natal. São excluídas aquelas que apresentam doenças genéticas e histórico de neoplasia, entre outros, e aquelas que tenham deixado de realizar pelo menos duas consultas no pré-natal. Passada a triagem, o sangue do cordão é coletado em partos naturais e cesáreas. O material coletado é acondicionado sob refrigeração. Depois, passa por uma contagem do número de células e de volume. Se os números forem baixos, a unidade coletada é desprezada. Caso apresente um número adequado de células-tronco, a unidade é processada e armazenada.
O processo de armazenamento se faz em nitrogênio líquido, com a criogênese. Até o momento, a mais antiga amostra de células-tronco de sangue do cordão descongelada tinha mais de 20 anos. Com as novas tecnologias, a estimativa é que esse tipo de células possa ser armazenado por tempo infinito. “Ao doar o sangue do cordão umbilical, você ajuda a salvar a vida da própria família”, explica.
NÚMERO
80 doenças são combatidas a partir do uso dessas células
Vida salva na Alemanha
Médicos alemães afirmaram essa semana que curaram completamente pela primeira vez leucemia linfoblástica com transplante de células-tronco do próprio cordão umbilical de uma paciente de nove anos de idade. Os dados foram divulgados pelo banco de cordões umbilicais alemão Vita 34. A doença foi diagnosticada em uma menina alemã de três anos e, que só sobreviveria se realizasse um transplante de células-tronco, porque as células cancerígenas já haviam alcançado o cérebro. Os pais da menina já tinham mantido as células-tronco armazenadas desde o nascimento da menina e, com isso, foi possível extrair as células necessárias ao transplante. Vita 34 ressaltou que até agora 75 mil pais utilizam seus serviços. O diretor médico da empresa explica que 15 crianças, entre elas seis que estavam com danos cerebrais, foram tratadas com células-tronco de seus cordões umbilicais. A empresa centraliza investigações no envelhecimento, multiplicação e reprogramação das células-tronco, além de novos tratamentos baseados em células-tronco para tratar o diabetes de tipo 1, danos cerebrais e doenças cardíacas.
Da Gazeta de Piracicaba
felipe.rodrigues@gazetadepiracicaba.com.br
Conscientização da classe médica. Esse foi o objetivo da vinda a Piracicaba da pesquisadora Lilian Piñero Eça, phd em biologia molecular. Ela deu palestra a profissionais da área referente à doação de sangue do cordão umbilical, rico em células-tronco. Contrária ao uso de células embrionárias (por conta das possibilidades de efeitos colaterais), Lilian é entusiasta dos benefícios que as pesquisas com o material trazem à medicina. “Não há problema ético algum na doação e os médicos não podem desencorajar os papais interessados em fazer o procedimento”, diz.
O Ministério da Saúde lançou no final de setembro de 2004 uma rede pública de bancos de armazenamento de sangue de cordão umbilical e placentário mas, desde então, ainda há bastante resistência à adoção do procedimento, seja por falta de informação ou por interesses existentes no processo. “É triste, como pesquisadora, observar tantas pessoas que não coletam o sangue do cordão umbilical porque não são esclarecidas. Os médicos que porventura não sabem sobre o assunto devem se manter neutros”.
Lilian avalia que é inadmissível que se jogue no lixo material que pode ser tão útil para saúde das pessoas. São cerca de 80 doenças do sangue que podem ser combatidas a partir do sangue coletado nos cordões umbilicais e placentas. “Existem apenas um banco público no país e outros 30 escritórios privados. Sou a favor da existência dos dois tipos de bancos. Mas é preciso que se unam forças para evitar que essas doenças continuem a fazer vítimas”, diz.
Entre as enfermidades que podem ser combatidas está a leucemia. Devido às dificuldades de se encontrar doadores de medula óssea, busca-se fontes alternativas de células progenitoras. Pesquisas demonstram que o sangue de cordão umbilical é uma fonte rica nessas células progenitoras. A partir dessa descoberta, as células progenitoras obtidas do sangue de cordão umbilical vêm sendo utilizadas em modelos terapêuticos desse tipo de doença.
COMO É. Todo o procedimento é seguro. As mães dispostas a doar passam por uma triagem desde o pré-natal. São excluídas aquelas que apresentam doenças genéticas e histórico de neoplasia, entre outros, e aquelas que tenham deixado de realizar pelo menos duas consultas no pré-natal. Passada a triagem, o sangue do cordão é coletado em partos naturais e cesáreas. O material coletado é acondicionado sob refrigeração. Depois, passa por uma contagem do número de células e de volume. Se os números forem baixos, a unidade coletada é desprezada. Caso apresente um número adequado de células-tronco, a unidade é processada e armazenada.
O processo de armazenamento se faz em nitrogênio líquido, com a criogênese. Até o momento, a mais antiga amostra de células-tronco de sangue do cordão descongelada tinha mais de 20 anos. Com as novas tecnologias, a estimativa é que esse tipo de células possa ser armazenado por tempo infinito. “Ao doar o sangue do cordão umbilical, você ajuda a salvar a vida da própria família”, explica.
NÚMERO
80 doenças são combatidas a partir do uso dessas células
Vida salva na Alemanha
Médicos alemães afirmaram essa semana que curaram completamente pela primeira vez leucemia linfoblástica com transplante de células-tronco do próprio cordão umbilical de uma paciente de nove anos de idade. Os dados foram divulgados pelo banco de cordões umbilicais alemão Vita 34. A doença foi diagnosticada em uma menina alemã de três anos e, que só sobreviveria se realizasse um transplante de células-tronco, porque as células cancerígenas já haviam alcançado o cérebro. Os pais da menina já tinham mantido as células-tronco armazenadas desde o nascimento da menina e, com isso, foi possível extrair as células necessárias ao transplante. Vita 34 ressaltou que até agora 75 mil pais utilizam seus serviços. O diretor médico da empresa explica que 15 crianças, entre elas seis que estavam com danos cerebrais, foram tratadas com células-tronco de seus cordões umbilicais. A empresa centraliza investigações no envelhecimento, multiplicação e reprogramação das células-tronco, além de novos tratamentos baseados em células-tronco para tratar o diabetes de tipo 1, danos cerebrais e doenças cardíacas.
Fonte: Gazeta de Piracicaba