quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cientistas franceses usam ovos de rã para acelerar programação celular


Cientistas franceses descobriram que os ovos de xenopus, rãs carnívoras africanas, facilitam a programação de células e abrem perspectivas no campo da medicina regeneradora. A equipe do Instituto de Genética Humana de Montpellier, em colaboração com o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), conseguiu multiplicar a capacidade de transformação de células da pele de ratos em células-tronco com ajuda desses ovos.

Sua aplicação serviu para multiplicar por 100 essa eficácia mediante uma técnica dupla: a injeção de quatro genes específicos no núcleo das células de rato e sua posterior incubação em um extrato dos ovos das xenopus. Com essa técnica, a equipe dirigida por Marcel Méchali conseguiu multiplicar por um fator maior que 100 a obtenção de células-tronco pluripotentes induzidas (IPS).

"Estes resultados confirmam o interesse das células-tronco resultantes de células diferenciadas para fazer auto-implantes e apresentam perspectivas terapêuticas interessantes no âmbito da medicina regeneradora", informou um comunicado do CNRS.

A partir da técnica mista mencionada, o núcleo das células se programa duplamente, embora ainda não totalmente. Os pesquisadores admitem que ainda falta identificar os componentes presentes nos extratos que são capazes de apagar a identidade de células diferenciadas. Segundo o CNRS, a pesquisa confirma as possibilidades das células IPS no âmbito da medicina regeneradora.

"As células IPS poderiam no futuro permitir substituir células doentes ou destruídas por ataque de outras células do paciente e reconstruir desse modo o órgão ou o tecido danificado por uma doença ou acidente, sem problema de rejeição", explicou o CNRS. Os ovos de xenopus - rã bem conhecida pelos cientistas por suas aplicações em pesquisa - são significantes pela facilidade de serem encontrados em grandes quantidades, ao contrário dos ovos de mamíferos.
Fonte: Terra

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Esperança de cura com as células-tronco leva pacientes à China


Se a esperança é a última que morre, é ela também a primeira a acreditar. Pelo menos é nisso que aposta a professora Rita Renjiffo, mãe de  Matheus, 4 anos, portador de paralisia cerebral.

Quando soube da possibilidade de  tratamento com células-tronco, oferecido no exterior, Rita não teve dúvidas: reuniu esforços e amigos e iniciou uma campanha para arrecadar dinheiro  e levar o filho  até um destino praticamente desconhecido: a China.

Apesar de difícil, a jornada  não é incomum e já ganhou até nome: “Turismo terapêutico”, que é o movimento de pessoas em busca de tratamentos não encontrados ou não permitidos em seus países de origem.
Como as terapias com células-tronco estão em fase de pesquisa e testes clínicos são restritos, doentes muitas vezes se arriscam em tratamentos não reconhecidos pela sociedade médica.

Em Salvador, por exemplo,  pelo menos cinco famílias realizam campanhas com esse objetivo: ir à China em busca de uma terapia experimental não documentada. Um fenômeno iniciado em 2009, quando a primeira criança brasileira conseguiu o feito.

Experiência -  Clara Costa Pereira, hoje com 3 anos, portadora de paralisia cerebral, foi a pioneira. Passados dois anos de sua viagem, a família comemora os avanços. "Clara está na escola e já conhece cinco cores", dimensiona o pai,  Carlos Edmar Pereira. Antes, ela tinha dificuldades até para sustentar o pescoço e se alimentar.

Depois da experiência, Carlos acabou se tornando representante brasileiro da empresa responsável pela terapia aplicada na filha. Em um blog, ele oferece informações sobre essa alternativa e relata as melhoras da filha: “ela está comendo tudo, antes não conseguia engolir sólidos. A parte cognitiva também melhorou muito”.
Não há certeza médica se os avanços estão diretamente ligados às aplicações de células-tronco. Mas, para Carlos, não há dúvidas. "Clara fez fisioterapia desde a maternidade, sem retorno. Quando se quer resultados diferentes é preciso mudar o caminho escolhido", diz.

Críticas - Apesar disso, na comunidade médica, terapias celulares ainda são vistas com cautela. “A recomendação é que se procure universidades que tenham protocolo para realização de testes clínicos ”, orientou o presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Tecidos e Estudos das Células Tronco (Abratron), Ithamar Stocchero. Segundo ele, apenas doenças do sangue já têm sucesso comprovado pelo tratamento com células-tronco.

Esperança - Ciente dos riscos, Rita ainda assim prefere tentar: "Se eu não fizer, vou viver com essa dúvida. Vai ficar na cabeça a ideia de que não tentei tudo.  Daqui a quatro ou cinco anos  pode ser  tarde demais para  o organismo dele", avaliou a professora.

A luta de Matheus começou ainda na gestação. Com cinco meses de gravidez, Rita teve sangramentos e foi diagnosticada com adramnia (ausência de líquido amniótico). Para os médicos, o  feto não vingaria e o próprio corpo iria se encarregar de o expelir.

Matheus nasceu um mês depois e foi direto  para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da maternidade.  "Se ele voltar (da China) mastigando ou sustentando o tronco já terá valido a pena", comentou a mãe do garoto.

Conheça as histórias e campanhas das crianças citadas na matéria:   (Matheus); (Clara); (Manuela)

domingo, 11 de setembro de 2011

Por que o sangue é vermelho e a veia é azul?



As veias que enxergamos nos braços e pernas de quem tem pele clara parecem ser azuladas ou esverdeadas, porque o sangue que passa por elas é bem escuro, pois já perdeu oxigênio. Mas, para entender isso é preciso saber o caminho que percorre dentro do corpo. 

Assim que sai do coração, o sangue - que está cheio de oxigênio - é transportado pelas artérias, que são grossas e não podem ser vistas sob a pele, pois ficam na parte mais interna do corpo. Sua missão é levar oxigênio e nutrientes por todo o organismo. Conforme passa pelos órgãos, vai deixando oxigênio. Quando termina sua tarefa, volta por meio das veias (ficando mais escuro) para o coração, que o direciona aos pulmões para ser abastecido de mais oxigênio. Em seguida, retorna para fazer o mesmo caminho e assim sucessivamente. Todo esse trajeto demora cerca de 60 segundos.

Onde nasce?
O sangue sai do coração, mas não é produzido lá. Ele é fabricado na medula óssea, parte de dentro do osso, que trabalha o tempo todo para isso. Uma célula sanguínea vive cerca de quatro meses apenas e precisa ser constantemente renovada. Essa tarefa é feita pelas células-tronco hematopoéticas, as únicas capazes de fabricar as substâncias que compõem o sangue, como hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos), plaquetas, entre outras. E haja trabalho: uma única gota de sangue tem mais de 250 milhões de hemácias, 375 mil leucócitos, 16 milhões de plaquetas, entre outras. Cerca de 2 milhões de células de sangue são produzidas por segundo.
Pode ficar doente
Se durante a produção do sangue, algum dos componentes for modificado, ele pode adoecer. Um dos problemas mais graves que provoca é a leucemia, quando a medula passa a produzir células com câncer, que afetam os glóbulos brancos (responsáveis por proteger contra infecções). É por isso que, em alguns casos, faz-se transplante de medula para que passe a fabricar sangue sem as células com câncer.
A doença mais comum do sangue é anemia, quando há falta de glóbulos vermelhos porque a medula não produz quantidade de hemoglobina suficiente. Isso faz com que lábios, palmas das mãos e parte interna do olho fiquem mais claros.
Doar não faz falta
Quem perde muito sangue em acidente ou cirurgia ou ainda faz tratamento para leucemia, por exemplo, precisa repor os componentes que perdeu. Para isso, tem de receber transfusão de sangue de doador. A doação não faz falta para quem doa, porque a quantidade é pequena (pouco menos de meio litro) e o organismo não para de produzi-lo. Pode doar quem tem entre 18 e 65 anos (a partir de 16 pode doar com autorização dos pais), esteja saudável e pese, no mínimo, 50 kg. É só ir a um hemocentro ou banco de sangue.
Após ser coletado, o sangue é testado para saber se pode ser usado sem apresentar risco ao receptor. O problema é que menos de 2% da população doa; por isso é tão importante ser doador. Se estiver ok, é separado por componentes e guardado na geladeira.

Fonte: DGABC

sábado, 10 de setembro de 2011

Tratamento contra AVC com células-tronco tem resultados positivos


Células-tronco auxiliam o organismo a reparar o tecido cerebral danificado

Os primeiros testes clínicos realizados com células-tronco em pacientes que sofreram derrames não apresentaram resultados adversos. A primeira experiência foi feita com um grupo de três voluntários. Um idoso foi a primeira pessoa no mundo a receber o tratamento, em 2010. Desde então, a técnica foi testada em outros dois pacientes no Reino Unido.

A partir do resultado positivo, e da autorização oficial do governo, a segunda fase do estudo poderá ser feita em maior escala. A equipe de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Glasgow, na Escócia, acredita que as células-tronco auxiliam o organismo a reparar o tecido cerebral danificado por um derrame.

Testes

A primeira avaliação foi feita a partir da injeção de células-tronco no cérebro de três pacientes que haviam sofrido AVC. Primando pela segurança, as primeiras doses de células injetadas foram de pequeno volume.

Em 2012, o objetivo dos pesquisadores é que um grupo maior de voluntários receba doses progressivamente maiores. Os testes clínicos também vão avaliar a eficiência do tratamento.

Fonte: Clicrbs

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cientistas estudam células de pacientes esquizofrênicos em laboratório



Os pacientes de esquizofrenia podem ter esperanças: uma nova pesquisa vai ajudar os médicos a compreender as causas da doença mental, e avançar na direção da medicina personalizada para o tratamento de doentes.
A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial. No estudo, pesquisadores retiraram células da pele de quatro indivíduos com esquizofrenia, e as transformaram em células cerebrais, ou neurônios, para serem cultivadas em laboratório.
Essa é a primeira vez que um transtorno mental complexo foi examinado usando células cerebrais vivas. Os neurônios cultivados em laboratório mostraram poucas conexões entre si, menos do que as conexões encontradas em células cerebrais saudáveis.
Os desafios no estudo de doenças psiquiátricas como a esquizofrenia incluem o acesso limitado às células do cérebro humano, bem como a dificuldade em identificar a influência genética versus ambiente sobre a doença.
Ou seja, ninguém sabe o quanto o ambiente contribui para a doença. Segundo os pesquisadores, crescer neurônios em laboratório ajuda a subtrair o ambiente e começar a se concentrar nos problemas biológicos subjacentes.
A abordagem da pesquisa permite que os cientistas analisem o equivalente aos neurônios do próprio paciente. O método também permite aos pesquisadores testar drogas que funcionem melhor para um determinado paciente, sem que essa pessoa tenha de experimentá-la antes, ou seja, ser uma cobaia.
Quatro pacientes com esquizofrenia e histórico hereditário da doença participaram do estudo. Os cientistas programaram células da sua pele para se tornarem células-tronco indiferenciadas e não especializadas, chamadas células-tronco pluripotentes induzidas. Dessa forma, evitaram remover neurônios dos participantes.
A célula-tronco pluripotente é uma espécie de “lousa em branco”. Segundo os pesquisadores, durante o desenvolvimento, tais células-tronco se diferenciam em muitos tipos de células especializadas, como células musculares, células cerebrais ou células sanguíneas.
A equipe “induziu” as células-tronco a se tornarem células cerebrais, e comparou esses neurônios com os criados a partir de células-tronco pluripotentes induzidas de indivíduos saudáveis.
Os pesquisadores descobriram nos neurônios um vírus da raiva, modificado, que é conhecido por percorrer as conexões entre células cerebrais. Este marcador demonstrou que os neurônios esquizofrênicos se ligam menos frequentemente uns aos outros, e tem poucas projeções de crescimento fora de seus corpos celulares.
A análise genética também mostrou quase 600 genes cuja atividade não estava em boas condições nestes neurônios. 25% desses genes já haviam sido ligados a esquizofrenia em pesquisas anteriores.
A equipe testou a capacidade de cinco drogas antipsicóticas (clozapina, loxapina, olanzapina, risperidona e tioridazina) de melhorar a conectividade neuronal nas células cerebrais dos pacientes com esquizofrenia. Somente a loxapina aumentou significativamente as conexões cerebrais de todos os pacientes esquizofrênicos.
A principal conclusão do estudo é que os resultados podem ajudar a combater o estigma social muitas vezes associados aos transtornos mentais. Algumas pessoas acreditam que os indivíduos doentes podem superar seus problemas mentais se se esforçarem, mas a pesquisa mostrou que existem disfunções biológicas reais nos neurônios dos afetados, independentes do ambiente

Zoo de células-tronco pode salvar espécies ameaçadas de extinção



PARIS — Cientistas americanos informaram ter produzido as primeiras células-tronco de espécies ameaçadas, um avanço que pode salvar dezenas de animais à beira da extinção.

"A melhor forma de lidar com a extinção é preservar espécies e habitats, mas nem sempre isto funciona", explicou, em um comunicado, Oliver Ryder, diretor de genética do Zoológico de San Diego e um dos chefes da pesquisa.
"A tecnologia de células-tronco dá algum nível de esperança de que (as espécies) não precisarão se extinguir, mesmo que tenham sido completamente eliminadas de seu habitat", acrescentou.
Este é o caso do rinoceronte branco do norte, um dos dois primeiros animais incluídos no "zoo de células-tronco" de Ryder.
A espécie conta com apenas sete espécimes vivos, todos mantidos em cativeiro, dois deles em San Diego.
Os cientistas também isolaram células-tronco de um primata criticamente ameaçado, denominado dril, considerado geneticamente um primo próximo dos humanos.
Em cativeiro, os dris costumam sofrer de diabetes, doença que os cientistas tentam tratar em humanos com terapias de células-tronco.
A equipe de Ryder coletou células da pele e outras amostras de tecido de mais de 800 espécies - armazenadas em um "zoo congelado" - em 2006.
Foi quando ele fez contato com Jeanne Loring, professora do Instituto de Pesquisas Scripps, em La Jolla, perto de San Diego, e outra chefe da pesquisa. Ele queria saber a possibilidade de usar o banco para gerar e armazenar células-tronco.
Na época, cientistas que buscavam usar células-tronco para tratar doenças humanas ainda não tinham descoberto uma técnica confiável para transformar células adultas normais em células-tronco que pudessem dar origem a quase todos os tipos de tecidos e células do corpo.
Hoje, no entanto, este processo - chamado pluripotência induzida - é frequentemente alcançado ao se inserir certos genes em células normais.
A princípio, Ryder e Loring tentaram usar genes de animais com parentesco próximo às espécies-alvo, de forma a provocar a transformação, mas os experimentos fracassaram.
Por tentativa e erro, no entanto, eles descobriram para seu espanto que os mesmos genes que induzem a pluripotência em humanos também funcionavam no dril e no rinoceronte.
Segundo o estudo, publicado na edição dominical da revista Nature Methods, o processo revelou-se ineficaz, uma vez que gerou apenas poucas células-tronco por vez. Mas foi suficiente para dar início ao "zoo de células-tronco".
Talvez o maior potencial em ajudar espécies ameaçadas - além do tratamento de doenças - sejam novas estratégias reprodutivas.
Se células-tronco adultas podem dar origem a espermatozóides ou óvulos, por exemplo, os cientistas poderiam, então, usar células da pele congeladas de animais mortos no "Zoo Congelado" para produzir gametas masculino e feminino e dar origem a uma nova vida.
As células-tronco induzidas poderiam ser combinadas com os óvulos de animais vivos através de fertilização in vitro.
Outra alternativa seria que tanto os óvulos quanto os espermatozóides poderiam ser gerados de células-tronco e os embriões resultantes poderiam ser implantados em animais hospedeiros, um processo que os cientistas dizem ser muito mais confiável do que as técnicas de clonagem.
"Eu acho que o trabalho será muito mais fácil, do ponto de vista ético, com espécies ameaçadas do que com humanos", afirmou Loring em um comunicado.
"Suspeito que algumas pessoas que trabalham nesta área adorariam fazer experimentos com nossas células", acrescentou.
Tais técnicas também ajudariam a impulsionar a diversidade genética, ao incrementar o pequeno número de indivíduos vivos de uma espécie reduzida, explicou.
Mesmo que os rinocerontes brancos do norte se reproduzam - o que não acontece há anos - a pequena piscina genética pode, facilmente, gerar animais não saudáveis.
Fonte: AFP

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Franceses produzem glóbulos vermelhos a partir de células-tronco


Pesquisa mostra que no futuro quem precisar de transfusão de sangue poderá ser seu próprio doador.
AFP/JODY AMIET

Luiza Duarte


Pesquisadores franceses conseguiram fabricar glóbulos vermelhos a partir de células-tronco. Uma primeira transfusão desses glóbulos vermelhos fabricados em laboratório foi feita em seres humanos, mostrando que além deles terem o mesmo desempenho de glóbulos naturais, podem também sobreviver no organismo.O estudo publicado nesta quinta-feira na revista científica americana Blood e dirigido pelo doutor Luc Douay, do hospital Saint-Antoine, da Universidade Pierre et Marie Curie, em Paris, deixa a esperança de que um dia os pacientes que necessitam de transfusão sanguínea poderão ser seus próprios doadores, através de suas células-tronco.

A pesquisa pioneira para se obter sangue artificial pode representar uma alternativa para a crescente necessidade de doações de sangue no mundo e para suprir a carência de doadores, além de reduzir o risco de infecções.

No corpo humano circulam entre 5 e 6 litros de sangue. Os glóbulos vermelhos são os responsáveis por transportar o oxigênio dos pulmões para os tecidos. Mas, segundo a equipe, mesmo se os pacientes poderão contar com os glóbulos artificiais é preciso avanços tecnológicos para possibilitar sua produção em grande escala. Para isso, uma possibilidade seria utilizar células de sangue do cordão umbilical que se proliferam mais rapidamente do que células-tronco adultas.

Fonte: RFI