Na Suécia, pela primeira vez, um paciente com câncer recebeu o implante de uma traqueia viva cultivada em laboratório com suas próprias células-tronco.
A traqueia implantada no paciente foi construída com suas próprias células-tronco, cultivadas sobre um molde artificial. Por isso, está livre de rejeição
São Paulo – Médicos realizaram a primeira cirurgia bem sucedida de implante de uma traqueia viva 100% cultivada em laboratório com as células-tronco do próprio paciente. A cirurgia foi feita no dia 9 de junho, mas só foi divulgada na semana passada. O homem de 36 anos que teve a traqueia substituída por conta de um câncer teve alta na sexta-feira.
O procedimento foi realizado pela equipe do professor Paolo Macchiarini, no hospital da Universidade de Karolinska, em Estocolmo, Suécia. Com um tumor que bloqueava todo o órgão e sem opções de doadores compatíveis, a equipe médica tinha no implante artificial a única opção para salvar o paciente.
Embora a equipe já tivesse feito transplantes de traqueia anteriormente, eles usavam material doado aliado às células-tronco do paciente para evitar a rejeição. O novo método, no entanto, utiliza um molde sintético, construído em laboratório. Esse molde é recoberto com as células-tronco, que crescem para formar os tecidos orgânicos.
O molde para a traqueia artificial foi criado na University College, de Londres, com nanocompostos desenvolvidos e patenteados pelo professor Alexander Seifalian. Um nanocomposto é um material com componentes menores do que 100 nanômetros – para efeito de comparação, um fio de cabelo humano possui 60 mil nanômetros de espessura.
Usando esse material, eles criaram polímeros (longas cadeias de pequenas moléculas) que, tendo como base uma tomografia computadorizada do paciente, foram usados para criar a estrutura básica da traqueia. O molde pronto foi levado a Estocolmo, onde as células-tronco do paciente foram incorporadas e cultivadas sobre ele. O resultado é uma traqueia viva que pode ser implantada sem risco de rejeição.
A operação sendo apontada como uma marco na história da bioengenharia e abre caminho para a futura criação de órgãos humanos mais complexos em laboratório.
Fonte: Exame Abril
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